sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Calem-se os maus, levantem-se os bons!

Onde estão os mudos bons homens da vida ?

Mudos em seus mundos não ocos,
mas moucos, não acredito.
Gritos de dor, de angústia,
a miséria que fala,
os valores que murmuram,
a ética que ressona.
Ocos não acredito!
Nem poucos o são.

Mas onde estão verdadeiramente os homens de bons valores?
Como sufocar corações pensantes,
mentes determinantes,
esteios pujantes?
Como não ouvi-los, mesmo perante multidões?
- os pássaros são ouvidos em céus infinitos,
- o coaxar dos sapos, mata adentro,
- o uivar do lobo, a acres de distância.

Será que são percebidos os homens dos valores?
Ou estão mudos por um adestrado grito ensudercedor?
- quiçá semelhante ao ambiente do abatedouro,
- quem sabe, aos corredores do holocausto,
- ou ao menos, ao circuito dos círculos do sem fim?
A percepção da média, triste anatomia sem início e sem fim, impõe-nos o limite do desejo e do alcance.

O grito ensudercedor dos que nada a falar têm,
calam acintosamente os de bom agouro
 e a cronicidade desta verve torta
 termina por inibir o apresentar espontâneo das boas índoles.





Como pode o homem de bem,
em seu silêncio obsequioso,
permitir-se representar
por fala, palavras ou gestos
que em muito pouco se assemelha ao seu
nos atos de lobos outros,
que dali nem menos uma vírgula lhe é verdadeira?

Como aprender homens do bem a silenciar indigestamente
diante de um espelho que não é seu
de uma máscara que não é sua
nem ao menos fazer valer
os seus antepassados na justeza de suas respostas.

Levantem-se homens da boa palavra,
subam aos púlpitos,
subam às tribunas,
subam aos degraus das conquistas e do bom vento
e lancem, como que sem mais receio,
partindo dos seus corações e razão,
a palavra da boa índole
que não deve ser negada
aos ouvidos dos que ainda têm.

E não permitam
que o discurso ensudercedor
do neurônio do brometo
não se torne mais afável, mais doce
do que a sua plena verdade,
calando assim na fonte o ludibrio do momentâneo.
Levantem-se os bons, hoje calados!

Alexandre Araruna 

Evangelho segundo S. Lucas 6,39-42.

Jesus disse-lhes ainda esta parábola: «Um cego pode guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? Não está o discípulo acima do mestre, mas o discípulo bem formado será como o mestre. Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista? Como podes dizer ao teu irmão: 'Irmão, deixa-me tirar o argueiro da tua vista', tu que não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para tirar o argueiro da vista do teu irmão.» 

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