sábado, 5 de junho de 2010

A brasa solitária

Juan ia sempre aos serviços dominicais de sua congregação. Mas começou a achar que o pastor dizia sempre as mesmas coisas, e parou de frequentar a igreja.

Dois meses depois, em uma fria noite de inverno, o pastor foi visitá-lo.

“Deve ter vindo para tentar convencer-me a voltar” pensou Juan consigo mesmo. Imaginou que não podia dizer a verdadeira razão: os sermões repetitivos. Precisava encontrar uma desculpa, e enquanto pensava, colocou duas cadeiras diante da lareira, e começou a falar sobre o tempo.

O pastor não disse nada. Juan, depois de tentar inutilmente puxar conversa por algum tempo, também calou-se. Os dois ficaram em silêncio, contemplando o fogo por quase meia-hora.

Foi então que o pastor levantou-se, e com a ajuda de um galho que ainda não tinha queimado, afastou uma brasa, colocando-a longe do fogo.

A brasa, como não tinha suficiente calor para continuar queimando, começou a apagar. Juan, mais que depressa, atirou-a de volta ao centro da lareira.

- Boa noite – disse o pastor, levantando-se para sair.

- Boa noite e muito obrigado – respondeu Juan. – A brasa longe do fogo, por mais brilhante que seja, terminará extinguindo rapidamente.

“O homem longe dos seus semelhantes, por mais inteligente que seja, não conseguirá conservar seu calor e sua chama. Voltarei à igreja no próximo domingo.”

Evangelho segundo S. Marcos 12,38-44.

Continuando o seu ensinamento, Jesus dizia: «Tomai cuidado com os doutores da Lei, que gostam de exibir longas vestes, de ser cumprimentados nas praças, de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes; eles devoram as casas das viúvas a pretexto de longas orações. Esses receberão uma sentença mais severa.» Estando sentado em frente do tesouro, observava como a multidão deitava moedas. Muitos ricos deitavam muitas. Mas veio uma viúva pobre e deitou duas moedinhas, uns tostões. Chamando os discípulos, disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou no tesouro mais do que todos os outros; porque todos deitaram do que lhes sobrava, mas ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía, todo o seu sustento.» 

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